segunda-feira, 11 de novembro de 2019

É gostoso em Belém (e Alter) do Pará


Viajar é sempre aprender, até coisas que pensávamos que sabíamos podemos aprender que não sabíamos.

Tive este exemplo na recente, entre 01 e 08 de novembro de 2019, viagem ao Pará. Iniciamos nosso roteiro pela cidade de Belém, onde pude viver a maravilhosa experiência de pensar que sabe e não sabe.

Aprendi no ginásio, um curso que nem existe mais, que o rio Tocantins era o último afluente da margem direita do rio Amazonas, sendo assim, entendia serem as águas de todo aquele golfo onde fica ilha de Marajó, e consequentemente serem as mesma que banham a cidade de Belém, oriundas do fabuloso rio. Nada disso é mais.

O rio Tocantins tem foz própria, desemboca na baía de Marapatá que juntamente com a baia do Capim, foz do Rio Meruú-Açu, forma a baia de Marajó.

A cidade de Belém é banhada pela Baía do Guajará, formada pelos rios Guamá e Acará, baía esta que por sua vez também desemboca na baía de Marajó.

O rio Amazonas desemboca do outro lado da ilha de Marajó banhando a cidade de Macapá.

Ou seja, o rio Amazonas nada mais tem a ver com a cidade de Belém ou o rio Tocantins. 

Chegamos a Belém na noite do dia 1 novembro, nos hospedamos no hotel Princesa Louçã (depois explico o nome do hotel), e fomos jantar em um bar/restaurante próximo: o Bar do Parque, ambiente ótimo, muito animado, muita gente bonita, bebidas ótimas, a comida não é grande coisa, mas não é ruim.

Na manhã seguinte saímos para andar pela cidade visitamos o mercado Ver o Peso a estação das Docas, a Catedral Metropolitana, o Forte do Presépio, a casa das 11 janelas e ainda o Mangal das Garças. Depois disso retornamos à Estação das Docas para comer alguma coisa, tomar uma deliciosa cerveja no Amazon Beer (fabricação própria) e por fim um saboroso sorvete da famosa sorveteria Cairu.

A Estação das Docas é um ponto turístico importante de ser visitado em Belém, composto por antigos armazéns reformados abriga bares, lojas e restaurantes. O Mangal das Garças é imperdível; quanto o mercado Ver o Peso, assim como a praça do Relógio e a avenida Portugal precisam de uma reforma e programa de limpeza urgentes.

À noite jantamos no restaurante do hotel, comi um delicioso peixe, chamado Filhote – não deixe de come-lo, é saborosíssimo. Aliás, a comida no Pará é divina.

Restaurante do Hotel

Praça em frente ao hotel
Bar do Parque
Praça da Catedral Metropolitana

Forte do Presépio

Mercado Ver o Peso
Mangal das Garças




No dia seguinte, domingo, fomos passear um pouco mais na cidade. Visitamos a Praça Santuário de Nazaré, não nos foi possível entrar na Basílica, pois estava fechada, admiramo-la apenas por fora, muito linda. Depois fizemos uma visita guiada ao Teatro da Paz, o que fortemente recomendo, o interior do teatro é belíssimo; a tarde fizemos um passeio de barco pela Baía do Guajará, francamente não acho que valha a pena, o melhor do passeio é o show dos dançarinos de Carimbó. À noite fomos tomar uma cerveja no Portal da Amazônia, uma área reformada da cidade que oferece, quadras e espaços para diversão, além de bares e barracas, vale a pena dar uma caminhada lá no fim de semana à noite. Depois jantamos em um restaurante simples e de excelente comida típica: Tacacá do Renato, fomos no que eles chamam de Unidade Serzedelo, próximo a Praça Batista Campos, que não tivemos tempo para explorar, mas parece ser bem atrativo no fim de semana. Nesta experiência comi Pato ao Tucupi – maravilhoso.

Basílica

Teatro da Paz



Passeio de Barco

Portal da Amazônia
No dia 4/11, segundo feira, tínhamos voo as 21:35 para Alter do Chão, que era o grande objetivo da viagem. Aproveitamos o dia para ir até Icoaraci, um local interessante que deve ser bem movimentado no fim de semana, muitos bares e restaurantes com mesas nas calçadas oferecendo uma vista da orla.

Almoçamos um delicioso prato de grelhados de frutos do (mar? Rio com certeza) no restaurante Boteco, que recomendamos a quem for por lá.

Voltamos a Belém no fim da tarde descansamos um pouco aguardando a hora do voo para Santarém, cidade a qual pertence o distrito de Alter do Chão.

Ah, já ia esquecendo o nome do Hotel.

O símbolo do hotel é uma sereia tocando algum tipo de instrumento de sopro, uma concha, talvez, a minha imaginação me fez pensar tratar-se de alguma entidade feminina da cultura indígena, daí perguntei na recepção – nada disso. Vamos lá.
Salve, ó terra de rios gigantes
D'Amazônia, princesa louçã!
Tudo em ti são encantos vibrantes
Desde a indústria à rudeza pagã
Salve, ó terra de rios gigantes
D'Amazônia, princesa louçã!
Estes versos são do hino do Pará composto pelo poeta Artur Teódulo Santos Porto, que chama a sua terra adotiva (nasceu em Pernambuco em 1886 e faleceu em Belém-PA em 1938) por Princesa Louçã; sim, princesa tudo bem, e louçã? Louçã é um arcaísmo, significa – belo, repleto de brilho, bonito de se ver. Para os curiosos que querem ouvir o hino aqui está: https://www.youtube.com/watch?v=pAdvkHj-WO0&t=24s

Icoaraci



Chegamos em Santarém quase 23:00. Olha o gigantismo do Pará, 1:10 de voo para nem chegar perto da fronteira com o estado do Amazonas.

Até pegar transporte, viajar 40 minutos, já era meia noite quando terminamos de nos instalar no hotel, fomos direto para a cama. Ficamos hospedados na Pousada Alter, pequena, confortável, administrada pelo Sr Christian, um austríaco muito gentil. Café da manhã simples, suficiente e saboroso, recomendo a tapioca. Indo a Alter do Chão esta pousada é uma excelente escolha.

Dica: nem pense em ficar onde não tem ar condicionado, você não dormirá.

O melhor adjetivo que encontro para Alter é: ÚNICO. Alter do Chão é absolutamente singular. Às margens do fabuloso rio Tapajós oferece diferentes cenários para cada época do ano, fomos na época da seca, quando o rio diminui bastante seu volume d’água e faz surgir em suas margens belíssimas praias. Cuidado com o entendimento da palavra “seca”, significa um período com poucas chuvas e apesar do Tapajós baixar seu nível em aproximadamente 5m com relação ao período de chuvas oferece, ainda assim, cenários onde não vemos a outra margem.

Na terça-feira ficamos na praia do vilarejo, chamada impropriamente de Ilha do Amor, pois não se trata de uma ilha está mais para uma espécie de istmo, que fecha parcialmente uma baía e forma o chamado Lago Verde, que é onde se toma banho; outra grande surpresa – a água é morna; outra característica do lago é a segurança, muito raso e sem correntes, a baixa profundidade é a responsável pela tonalidade que lhe batiza. 

A ilha é repleta de barracas servindo tudo que se encontra em qualquer praia, cerveja, peixe, bolinhos, etc. Nosso almoço foram estas deliciosas e pequenas iguarias, à noite jantamos em um restaurante local, sem muita expressão, mas com um churrasco gostosinho.

Seja bem-vindo 


Travessia para a Ilha do Amor





Quarta-feira foi o dia do passeio de barco pelo Tapajós. O rio deságua no Amazonas na região de Santarém, não é fácil definir a distância até o rio Amazonas, mesmo porque dependendo da época do ano o encontro das águas (parecido com Negro/Solimões) pode estar mais para lá ou para cá. Algo entre 30 e 40 km é uma boa estimativa.

Durante a navegação tem-se uma nítida ideia da grandeza do Tapajós, a área da superfície de água juntamente com sua cor azul profundo e ainda as ondas que sacodem o barco como em um mar nos estimula provar a água para acreditar que é doce, impressionante.

Aproximadamente após 1h30min de navegação em direção a foz desde o pequeno ancoradouro de Alter, chegamos ao canal do Jairu (ou Jari). Este canal, nesta época de baixo volume de águas, é marrom, segundo o marinheiro, isso deve-se a invasão pelas águas do rio Amazonas; em períodos de cheia, o Tapajós empurra essas águas e fica tudo azul. 

Uma vez no canal fizemos duas paradas, na primeira atravessamos uma pequena trilha pela borda próxima da floresta; francamente não vale a pena, caminhar 100m, ver 3 macacos, 2 preguiças e 2 casas de marimbondos. Talvez na época de cheia seja mais interessante, pois o mesmo passeio é feito de canoa, uma vez que a floresta está inundada – um igarapé.

A segunda parada é outra história, visitamos um maravilhoso jardim de vitórias régias e conhecemos D. Dulce, uma exímia cozinheira que prepara deliciosas iguarias usando as sementes e os talos destas misteriosas e lendárias plantas: pipocas, bolinhos, rabanadas, picles, etc. É fundamental visitá-la.

Deixamos o canal e fomos para praia de Ponta de Pedra, ficamos tomando banho e cerveja, depois almoçamos um delicioso Tambaqui na brasa e um frango para quem já estava cansado de peixe, o que não era o meu caso. Por volta das 17:30 saímos de Ponta de Pedras e fomos para a Ponta do Cururu assistir o por do sol, as fotos contarão o que vimos.

Estando em Alter não deixe de fazer este passeio.

Dica: Procure o marinheiro Giovane, muito gentil, profissional e possui um excelente barco: rápido, confortável e seguro.

Chegamos em Alter já no início da noite, depois de descansar um pouco no hotel saímos para jantar e aproveitar um pouco o movimento noturno. Fomos para a vila, uma praça que tem vários restaurantes e bares, com música ao vivo. Os músicos ficam na praça de formas que a apresentação é compartilhada por mais de um estabelecimento.

Escolhemos um restaurante italiano, com pratos e carta de vinhos bem razoáveis. Bebemos, comemos, conversamos, caminhamos um pouco e assim encerramos nosso muito proveitoso dia.

O Barco
O Tapajós
O canal
Primeira parada no Canal
Jardim das Vitórias Régias


Iguarias da D. Dulce
Brincando com o esqueleto do jacaré
A praia de Ponta de Pedras 



O por do Sol 






Quinta-feira, 07/11/2019, foi para nós, Luiz e eu, efetivamente o último dia, nosso voo para Salvador com escala em Belém e conexão em Fortaleza estava marcado para às 4:00 de 08/11. Paciência, alguns sacrifícios são sempre necessários.

Acordamos tarde, gastamos o tempo novamente nas praias da vila, mais banhos, mais tira-gostos, mais cerveja... o de sempre.

A noite jantamos em um pitoresco restaurante com ótima comida e excelente custo/benefício. Restaurante Farol da Ilha, recomendamos.

Terminamos a noite assistindo uma bela apresentação de Carimbó em uma praça, muito animado e divertido.

Bem, assim foram-se os dias no Pará, conhecendo um pouco de Belém e curtindo muito o vilarejo de Alter do Chão. É um lugar que recomendamos, pode ser visitado por pessoas de qualquer idade, os acessos são fáceis, o percurso até Santarém é feito por estrada asfaltada, boas pousadas, e facilidade de deslocamento, via taxi, entre a vila e o aeroporto.

Visite o Pará, lá é gostoso. Não só em Belém.

Último dia de praia do Amor

Jantar no Farol da Ilha 



Crédito da foto aérea: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-zM3DybM58pbP9YBJp-dCwA8P1W11geo7gorxNtEq3MWzIIjH7pz5iAzbvfpszu90mv1b5ze2j7JNynlR1-3KeJekM5PHwZAeBpDE_8isAq7RYqTnIW66cFzLvze3sLxaVh1n3rSMDYBG/s1600/C0001.00_20_16_13.Still002.bmp